quinta-feira

MOEDOR DE CARNE

Nunca gostou dos afazeres domésticos, prezava mais por trazer carne e cerveja para mesa e comprar aquilo ou outra coisa quanto a mulher lhe solicitasse. E tinha que ser com jeito, na hora certa, de preferência depois dos jogos das quartas com os amigos. Era homem de palavra, nunca voltava atrás daquilo que prometia. Tomar seu corpo semi inerte nestas ocasiões era quase certo de uma boa briga a dois.
Se chegava com muitos chamegos já sabia que ia perder um bom dinheiro. Era justo, cedia quando necessário, mas era uma sovina no que dizia respeito as coisas de casa.
- Moedor de carne quebrou.
- Eu sei, mulher.
- E o que vamos fazer a respeito?
- Foi você quem quebrou?
- Não, mas quando cheguei agora pouco na cozinha...
- Então?
- Como é que vou moer carne agora?
- Faça bifes, as facas estão amoladas.
- Mas e o moedor de carne?
- Problema, ora!
Sai resmungando em direção a cozinha e bate a porta. Por pouco não corre a mão na fuça dela por isso, apesar de nunca ter batido em mulher. Seria muito mais fácil dizer para a mulher que o gostava da carne moída, mas os bifes mal passados e quase sangrando. Mas Ruffus não é um homem lá muito sutil, é demais para alguém como ele.