quinta-feira

DIAS DE FOLIA DESMEDIDA

Antes que pudesse recobrar os sentidos naturalmente um sonoro pontapé bem no meio da coluna o despertou. Se ao menos tivesse se levantado sozinho, tirado a remela dos olhos e coçando a bunda como de costume longe dali, teria doído bem menos.
A mulher chigava sem parar, o despertador estava tocando a quase meia hora e nada do pobre lenhador mexer a bunda da cama. Depois da cara feia resolve assumir que estava todo errado sem retrucar, afinal, mal se lembrava como havia chegado em casa, e como se conhece bem, deve ter feito muito barulho, deixado uma sujeira daquelas na cozinha e claro, o banheiro outra baderna só.
Ainda dando cabeçadas nas portas da pequena choupana onde viviam, encontrou no meio do corredor que liga a cozinha com os quartos e resto da casa suas calças sujas e uma bota solitária toda elameada. Deve ter sido uma farra daquelas. Limpou o espelho cagado de sangue e lama e viu que estava com um belo talho no supercílio direito. Limpou o ferimento e percebeu que não era nada profundo, dóia menos que sua dignidade, onde provavelmente deve ter ficado na sarjeta, junto com a outra bota.
Depois de lavar a bunda cagada e todo o sangue que vazou no corpo, mete um esparadrapo na ferida e veste o primeiro trapo inteiro do guarda roupa onde encontrou algum dinheiro, suficiente para meter o almoço do dia, se é que sabia ser segunda ou quinta hoje.
Era uma sexta, a memória voltava gradativamente. Zeca Pingo D´Água, um vizinho que trabalhava eventualmente com Ruffus, ajudou um pouco nestas tristes recordações. Tudo começou um belo copo de cerveja preta. Vamos dizer que não foi apenas um copo...