quinta-feira

UM PEIDÃO

Dionísio não era um deus grego mas sempre foi um cara muito bem apessoado. Ao contrário de sua feliz alcunha não era dado a beber muito, pelo contrário, continha seu apetite e sede na frente das pessoas de um modo geral, mantendo sua fina estirpe de distinto cavalheiro, uma qualidade herdada de geração em geração dos Vidal, uma abastada dinastia que tinha suas origens na colonização portuguesa, onde até membros da família real acrescentaram sangue nobre, o dito, sangue azul. Nem tamanha responsabilidade lhe subia a cabeça. Era tido como alguém simples, de poucas manias e coração do tamanho de um boi. Nunca se meteu em confusão por ali. Do que se tem notícia para por aí. Era um daqueles nomes que todos conheciam mas pouco se sabia além do dia a dia. Letrado numa das melhores instituições do país, ganhava a vida com algo parecido como pesquisa, ou coisa parecida. Trabalhava em uma empresa nova na cidade, onde menos ainda se sabia do se tratava. Um ganha pão justo, por assim dizer. O velho Ted Knock Knock não soube explicar direito, foi assim que ficamos conhecendo o tal Dionísio. Um dia Ruffus cruzou seu caminho. Junto com aquele bando de degenerados que andava com ele pelas madrugadas de Riverville, vai saber o que com mil diabos o infeliz estava fazendo naquela esquina depois das onze. Para resumir a história, hoje o pobre Dionísio anda jogando areia nas pessoas e rindo sem parar. Compete pau a pau rodadas e mais rodadas de conhaque com os bêbados do bar de manhã até a hora do almoço, depois volta pro trabalho trocando as pernas, fica meia hora e volta para o bar. Peidando alto e jogando a maior quantidade de insultos a qualquer um. À noite vira zumbi e suga o cérebro dos incautos pela rua. É, a vida nunca mais foi a mesma para o pobre Dionísio depois de Ruffus, o lenhador.